sexta-feira, 30 de abril de 2010

Engenharia Civil

Acabou, finalmente.
A consequência é o alívio
Mas não o bastante,
A guerra não acabou,
acabou apenas uma batalha
que, apesar de derrotado,
estou satisfeito de ter acabado.

Sabe o que é pior?
Não estou falando de amor,
Muito menos de amizade.
Se você é um professor,
Sabe a minha realidade.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Preservativo

Um amigo meu sempre me diz que não se preocupa com o que não é seu. Ele diz que sua vida, apenas ela, já é um tanto quanto intensa para ele entrar nas outras.
- Como você lida com isso? É tão chato!
Ele olhou para mim, levantou as duas sobrancelhas, deu um sorriso meia boca e recostou-se na cadeira.
- Amigo, não sabia que fosse se preocupar com o que não é seu. Para não ter problemas e não se meter neles apenas fique quieto. Sua vida é difícil, eu sei, pois bem, junte-se a mim.
Pegou em cima da mesa um jornal, abriu-o na parte de esportes e relaxou ainda mais. Imaginei até que se tivesse com um cachimbo ficaria mais interessante. Sua proposta era irrecusável.
- A minha preocupação é, na verdade, se vamos ganhar amanhã.
Abaixei a cabeça, refleti um pouco. Pensei no amanhã, nos meus afazeres, nos trabalhos, nas vitórias, nos sonhos.
- Sim, nós vamos.

domingo, 18 de abril de 2010

Contrariando Fernando Pessoa

"Dizem que finjo ou minto
Tudo que escrevo. Não.
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação.
Não uso o coração."

          
Não

terça-feira, 13 de abril de 2010

Cheguei a achar engraçado

Se esse é o único meio
posso lhe falar
não sou dono da verdade
não acho nada,
não sou nada.
Não quero que se armem,
não quero começar a guerrilha,
mas ela já começou,
e não foi culpa minha.
Eu debati,
mas não foi um debate.
Não houve resposta.
Não estou em combate.
E principalmente:
Não quero que me mate.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Perguntas ao Bom

Pera aí!
Você veio aqui,
Para me sufocar?
Ou para me ajudar?
Ainda não entendi...

sábado, 3 de abril de 2010

Meus oito anos - Casimiro de Abreu

Oh que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais

Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras,
A sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais.

Como são belos os dias
Do despontar da existência
Respira a alma inocência,
Como perfume a flor;

O mar é lago sereno,
O céu um manto azulado,
O mundo um sonho dourado,
A vida um hino de amor !

Que auroras, que sol, que vida
Que noites de melodia,
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar

O céu bordado de estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar !

Oh dias de minha infância,
Oh meu céu de primavera !
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã

Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delicias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha, irmã !

Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Pés descalços, braços nus,
Correndo pelas campinas
A roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!

Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas
Brincava beira do mar!

Rezava as Ave Marias,
Achava o céu sempre lindo
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar !

Oh que saudades que tenho
Da aurora da minha vida
Da, minha infância querida
Que os anos não trazem mais

Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras,
A sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
 
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