quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Fale Comigo!

Para minha surpresa, mesmo depois de anos, algumas pessoas passam por aqui.
E são pessoas que não me conhecem e desejam entrar em contato comigo, quem diria!
Se for esse seu caso, aviso que resolvi entrar na modernidade (há um tempo já) e você pode me encontrar no Instagram: @thadeuwersa

Se você não for de instagram, vai aqui o blog mais recente lá no wordpress: https://existenciaa.wordpress.com/

Também tem a opção do facebook: Thadeu Saieg

Enfim. Esse blog representa uma parte importante da minha vida, se você gostou de um texto aqui vem trocar uma ideia comigo!

Abraços !

quarta-feira, 13 de março de 2013

Indagação

Ela não quer estar do seu lado
e nem por um momento
ela não quer estar com você
sinto muito, nada pode fazer

Você perdeu a muito tempo
perdeu o tempo e aquilo
esqueceu-se do riso e de tudo,
você perdeu tudo, amigo

Iludiu a ilusão
perdeu  tudo o que restava
e muito mais,
mas nunca mais

Não adianta as promessas
Elas não serão concretas
Não me faça esquecer
Não vou perdoar você

E você me prende a alguma coisa
preso a mim me prende a você
Junto a mim você me tira o ar
Me faz desviar o olhar

Eu não posso entender
como quer mudar tudo
como quer mudar o mundo
se eu sempre vou ser você.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Viajantes

Um segundo que se passa na sua mente é a imensidão de tempo que se passa lá fora. Ele estava certo disso. Pensava mais do que agia. Seu mestre? Um homem de arte e de derrota, muito derrotado, um mestre.
Pelos segundos que pairavam no ar João se sentia bem aquela noite, seu tutor levantava dando a entender que não fora atingido.
Erico se levantava calmamente para admirar os corpos estirados em sua frente. João tinha uma arma em sua mão e se sentia bem por não estar morto.
A noite estava mais escura naquele dia, mas o brilho das estrelas se intensificara.
Erico pegou a arma da mão de seu pupilo e supôs que aquilo tudo já estava terminado.

Jimmy era um americano canalha, chegara em terras latinas para se apossar dos tesouros. Dinheiro, bebida e mulheres. Andava com dois melhores amigos causando estragos em todo o país. Matando, roubando e estuprando. Jimmy era covarde, tal como Henry e Steve, mas se achavam corajosos. Achavam os latinos uma raça inferior, mas criticavam a atitude de radicais como os neonazistas. “Ganhamos a guerra”, pensavam eles.
Em um sábado de manhã saíram de um hotel. Se encontravam no interior, o grande interior do país. Estavam com fome e com sede.
Jimmy tinha uma arma. Queria usa-la naquele dia. Seu primeiro passo foi ir num bar, num humilde bar de esquina e pedir o famoso pãozinho para os seus amigos. “Cana”, disse para o garçom com um sotaque bem afiado.
O garçom levou três copos de cachaça, e três pães na chapa. Acabaram de comer e sem pensar duas vezes, Jimmy se levantou e deu um tiro no garçom. Houve gritos, Henry e Steve saquearam todo o caixa do bar enquanto Jimmy olhava maravilhado para suas vítimas. Matou todos, um a um.
Roubaram um carro na frente do bar, matando o motorista que tentou reagir, deixando Jimmy muito irritado.

João e Erico, especialistas, não policiais, mas justiceiros, entravam no bar no sábado de manhã, olharam todos mortos e o barulho da sirene.
”Não aqui…”, pensou Erico.
Pegaram o carro e foram andando, de bar em bar, loja em loja, esquina em esquina, todos mortos, todos eles. Tinham que fazer algo, precisavam fazer algo, seguiam se rastro.

Numa noite de sábado, naquela noite de sábado, Jimmy não queria perder nada. Uma pequena festa numa praça o chamava atenção, viaturas estavam ali, o que não queria dizer que não poderiam ir a caça, escolher uma e sumir com ela.
Jimmy, Henry e Steve se atreveram em uma linda jovem. Cabelos ruivos, não sabiam dizer se era pintado ou não. Magra, com a pele branca. Chamou atenção do bando. Eles a queriam.
Jimmy chegou tentando impressiona-la em inglês, ela não olhou ele nos olhos um minuto que fosse, estava parada, em seu canto, fumando e admirando algo no meio da multidão.
”What’s your name?”, Arriscou Henry.
Jimmy deu um tapa em seu peito furioso. Ele tocou em seus cabelos e disse num português muito pouco claro, “Você vem com a gente”.
Os três cercaram a jovem, e a levaram para um pouco longe dali, num parque mais deserto.
”Se eu fosse vocês, deixava a garota em paz”. Erico apareceu atrás deles. “Não entenderam?”
João não disse nada, ficou quieto com um olhar neutro penetrante.
Jimmy ficou furioso. Puxou o gatilho na direção de Erico.
Com Erico caído, João continuou sem expressão, calado.
”YOU! Vai querer também?”
João se irritara um pouco com o sotaque de Jimmy.
A garota estava desesperada, sendo segurada por Henry e Steve.
João, que estava com as mãos na cintura, estava, já de um momento para o outro, com uma arma na mão. Três tiros.

A noite estava escura, mas a lua brilhava. A jovem correu passando por João e voltando correndo para o parque, não olhou para João e nem para Erico.
Erico pegou a arma da mão de seu pupilo e supôs que aquilo tudo já estava terminado.
Quem era Erico e João? Erico já estava velho e João era seu filho. Não tinham permissão pra porte de arma e não eram daquela cidade.
Eram apenas viajantes.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Feliz Natal

Todo homem bom sofre. Todo bom homem arca com as consequências.

Encontro-me em casa, de dia, os olhos estão frenéticos, correndo junto com os pés. Meu telefone toca, ela me diz coisas como querer passar o natal comigo, ficar ao meu lado.
“Feliz Natal”, ela diz.
Não falo nada, estou parado no meio da sala, com o telefone nas mãos, quieto. Alguém grita me dizendo para fazer algo, acho que é algo como arrumar o quarto, ou a mesa, não me lembro bem.
Eu não estou ocupado, mas ela desliga o telefone, não dei nenhuma resposta. Eu ando até o meu quarto e me jogo na minha cama.
Lá se vai uma tarde conspirada. Muitos vão embora, restam poucos, os que sobraram são a sobra, e eu estou com eles.
O telefone toca novamente, meu amigo me diz algumas coisas, fala sobre o natal, a família, a garota que é vizinha de seu tio. Tento aconselha-lo, mas não sei nada sobre o assunto, mesmo tendo passado por diversas situações parecidas, não sei nada sobre isso. Não estou mais triste, mas a conversa acaba.
“Feliz Natal”, ele me diz.
Aos poucos as coisas vão se formando, a mesa está arrumada. Lembro-me como se estivesse em um dia normal. É um dia normal.
Volto ao passado por alguns segundos, desejando serem minutos, talvez horas. Eu, com todos juntos, brindando, conversando, os presentes, a comida, a alegria de uma criança. Por que era tão mágico? Não apenas o natal, mas todo o resto.
“Feliz Natal”, alguém passava no corredor.
O segredo é esperar até meia noite. Não sei porque, mas as pessoas insistem em desejar feliz natal na véspera. O ritual de quando se é criança, não vejo isso no meu irmão, talvez esteja escondido, como estava comigo. Talvez o natal nunca foi desse jeito, talvez fosse apenas a “magia” de ser criança.
Então já é natal, não sinto nada. O que deveria acontecer? É um fato que se passou um ano do que aconteceu ano passado. A mesma coisa na verdade, mas esse é o único fato.
Nunca pensei que diria essas coisas que agora falo com tanta tristeza, mas, infelizmente, não vejo graça no natal, não nesse tipo de natal.
Eu lembro que eu ficava emocionado só de pensar que essa época estava chegando perto. Que maravilha era o natal.
Talvez tudo tenha mudado, mas acredito cada vez mais que sempre foi assim.
Vou para a janela, assisto fogos de artifício. Fogo de artifício no natal, uma coisa que só deve existir no Brasil, eu acho. Sinto alguém próximo de mim, e com a maior tristeza do mundo eu digo:
“Feliz Natal”.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Angústia

Ela se deitou no meu peito enquanto observávamos o lado de fora da janela do carro. A chuva caía e a noite era escura somente com alguns postes acesos.
Beijei seu pescoço por diversas vezes e fazia carinho com um leve toque de mão.
"Você me desculpa?"
"Pelo o que?"
"Eu não gostava de você, mas agora me arrependo tanto. Quero ficar com você."
"Não dá! Não lembra que eu estou apaixonada por ele?!"
"Por favor, me desculpe, eu não sabia que ia me apaixonar por você."
"Você teve sua chance."


terça-feira, 23 de outubro de 2012

R.E.M.

Um casal de idosos, sentados no ônibus, conversando.
"Você vai ficar comigo pra sempre?"
"Sim, para sempre!"
"Nós não vamos viver muito mais, mas eu quero ir embora junto com você"
Eles se abraçam.
“Eu te amo”
Tudo fica branco.
Estou na sala de aula, ensino médio. Em minha volta muita gente, mas do meu lado meu amigo e Ela, como era costume. Um professor de matemática mandando a gente desenhar expressões em figuras que pareciam ser rostos num papel. Eu estava brincando, fazendo bagunça, meu amigo e Ela já tinham acabado o dever. Eu, por mais que me esforçasse não conseguia me concentrar e continuava a fazer bagunça. O professor gostava de mim, mas ficou muito irritado com a minha bagunça. Eu também gostava dele, mas fiquei irritado que ele não estava sendo paciente.
Tudo fica branco.
Estou com pessoas da minha antiga escola observando algo que não me recordo bem, parece um passeio. Meus amigos estão atrás de mim. Coloco minha mão sobre uma mão atrás de mim pensando ser um amigo e faço uma brincadeira. Olho para trás. É uma garota da minha escola, não era da minha sala.
"Desculpa, pensei que fosse outra pessoa"
"Tudo bem"
Olho para o lado e vejo um conhecido da mesma sala dela, os dois são amigos. Brinco com esse garoto sobre ser uma criança e ele ser meu pai. Os dois acham graça, nesse momento pareço muito baixo.
Branco.
Estou me arrumando num banheiro que me lembrava o do quarto do meu irmão. Estou ajeitando o cabelo com um pente. Um outro amigo entra no banheiro.
"Preciso usar o banheiro"
"Estou me arrumando"
"Então não olhe!"
Ele entra no banheiro e eu saio imediatamente. Vou para a sala, lembra a antiga casa da minha avó. Lá na sala os dois conhecidos da minha escola viraram dois antigos amigos meus. Eles estão deitados no chão junto com o meu primeiro amigo que está sentado em frente a uma TV ligada. Nada passa na TV, a sala está escura só com a luz da TV iluminando. Falam sobre uma história sobre o caso de uma garota que ficou com um garoto e eles eram amigos, e, nesse mesmo momento, Ela entra na sala. Meu amigo continua a conversa.
"Isso é como aconteceu com uma conhecida"
Ele cita o nome de uma pessoa que está na sala, deitada no chão, como se ela não estivesse lá. 

Ela olha imediatamente para mim e eu para Ela, não consigo fingir e esboço um sorriso sem graça. Ela começa a chorar e sai da sala.
Olho para meu amigo e ele se desculpa com a cabeça. Eu saio atrás Dela. Tudo Fica Branco.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Eleuterofobia

"Quem é o vilão?"
Todo dia acordava com um pensamento nada peculiar, o mesmo rondava a minha cabeça pelo dia inteiro. O destino me pós em mãos dois caminhos, por vezes foram mais que dois, e sempre tive que escolher. Normal.
Até aonde você iria por uma pessoa? Que escolhas faria por ela? Para chegar aonde cheguei precisei viver por mim mesmo, me libertar da necessidade de alguém.
Um dia, porém, acordei sem pensar em nada. Andei pela casa sentindo a vida, inspirando cada centímetro de bagunça, de poeira. Estava tudo sujo. Eu estava sujo. Olhei pela janela e vi o que nunca tinha visto: Uma vista maravilhosa, por entre concretos cinzentos, havia uma vista maravilhosa. E nada mais era vulgar.
"Hoje me livrarei dessa corrente!" Pensei.
Queria resolver problemas antigos, e fui sem peso na consciência. Não tem como agradar a todos e, normalmente, quando agrada a um, fere a outro. Nunca tive inimigos e nunca gostei de ter, pra mim eles não existem.
Saí na rua fazendo com que o mundo não me visse, era o dia de ser livre. Encontrei-me com algumas pessoas e arrumei minha vida. Ajeitei a bagunça.
Por que as pessoas não pensam iguais a mim?
A vida é muito complexa para problemas insignificantes, deixemos, por fim, a problemática de lado, pelo menos as que são sem sentido, as que não tem necessidade.
Eu estava bem comigo mesmo, me vangloriando por ser melhor do que eu podia e não só perdoar a outros, como perdoar a mim mesmo. Eu consegui me vencer, encontrar um eu de paz.
Como eu disse: As pessoas não pensam iguais a mim e é por isso que quando você agrada a um, você desagrada outro. Eu não tenho inimigo, não quero ter, e por isso ninguém vai ser o vilão para mim. Só para mim.
Se alguém me perguntar quem está errado eu não sei responder. E quem, afinal de contas, é o vilão?
Por não ter ficado preso, por ter criado minha própria liberdade, por não ter seguido a vida como "deveria", eu sou o vilão.
Eu construí essa destruição e vou ser o único que vai pagar por ela.
 
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