quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Angústia

Ela se deitou no meu peito enquanto observávamos o lado de fora da janela do carro. A chuva caía e a noite era escura somente com alguns postes acesos.
Beijei seu pescoço por diversas vezes e fazia carinho com um leve toque de mão.
"Você me desculpa?"
"Pelo o que?"
"Eu não gostava de você, mas agora me arrependo tanto. Quero ficar com você."
"Não dá! Não lembra que eu estou apaixonada por ele?!"
"Por favor, me desculpe, eu não sabia que ia me apaixonar por você."
"Você teve sua chance."


terça-feira, 23 de outubro de 2012

R.E.M.

Um casal de idosos, sentados no ônibus, conversando.
"Você vai ficar comigo pra sempre?"
"Sim, para sempre!"
"Nós não vamos viver muito mais, mas eu quero ir embora junto com você"
Eles se abraçam.
“Eu te amo”
Tudo fica branco.
Estou na sala de aula, ensino médio. Em minha volta muita gente, mas do meu lado meu amigo e Ela, como era costume. Um professor de matemática mandando a gente desenhar expressões em figuras que pareciam ser rostos num papel. Eu estava brincando, fazendo bagunça, meu amigo e Ela já tinham acabado o dever. Eu, por mais que me esforçasse não conseguia me concentrar e continuava a fazer bagunça. O professor gostava de mim, mas ficou muito irritado com a minha bagunça. Eu também gostava dele, mas fiquei irritado que ele não estava sendo paciente.
Tudo fica branco.
Estou com pessoas da minha antiga escola observando algo que não me recordo bem, parece um passeio. Meus amigos estão atrás de mim. Coloco minha mão sobre uma mão atrás de mim pensando ser um amigo e faço uma brincadeira. Olho para trás. É uma garota da minha escola, não era da minha sala.
"Desculpa, pensei que fosse outra pessoa"
"Tudo bem"
Olho para o lado e vejo um conhecido da mesma sala dela, os dois são amigos. Brinco com esse garoto sobre ser uma criança e ele ser meu pai. Os dois acham graça, nesse momento pareço muito baixo.
Branco.
Estou me arrumando num banheiro que me lembrava o do quarto do meu irmão. Estou ajeitando o cabelo com um pente. Um outro amigo entra no banheiro.
"Preciso usar o banheiro"
"Estou me arrumando"
"Então não olhe!"
Ele entra no banheiro e eu saio imediatamente. Vou para a sala, lembra a antiga casa da minha avó. Lá na sala os dois conhecidos da minha escola viraram dois antigos amigos meus. Eles estão deitados no chão junto com o meu primeiro amigo que está sentado em frente a uma TV ligada. Nada passa na TV, a sala está escura só com a luz da TV iluminando. Falam sobre uma história sobre o caso de uma garota que ficou com um garoto e eles eram amigos, e, nesse mesmo momento, Ela entra na sala. Meu amigo continua a conversa.
"Isso é como aconteceu com uma conhecida"
Ele cita o nome de uma pessoa que está na sala, deitada no chão, como se ela não estivesse lá. 

Ela olha imediatamente para mim e eu para Ela, não consigo fingir e esboço um sorriso sem graça. Ela começa a chorar e sai da sala.
Olho para meu amigo e ele se desculpa com a cabeça. Eu saio atrás Dela. Tudo Fica Branco.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Eleuterofobia

"Quem é o vilão?"
Todo dia acordava com um pensamento nada peculiar, o mesmo rondava a minha cabeça pelo dia inteiro. O destino me pós em mãos dois caminhos, por vezes foram mais que dois, e sempre tive que escolher. Normal.
Até aonde você iria por uma pessoa? Que escolhas faria por ela? Para chegar aonde cheguei precisei viver por mim mesmo, me libertar da necessidade de alguém.
Um dia, porém, acordei sem pensar em nada. Andei pela casa sentindo a vida, inspirando cada centímetro de bagunça, de poeira. Estava tudo sujo. Eu estava sujo. Olhei pela janela e vi o que nunca tinha visto: Uma vista maravilhosa, por entre concretos cinzentos, havia uma vista maravilhosa. E nada mais era vulgar.
"Hoje me livrarei dessa corrente!" Pensei.
Queria resolver problemas antigos, e fui sem peso na consciência. Não tem como agradar a todos e, normalmente, quando agrada a um, fere a outro. Nunca tive inimigos e nunca gostei de ter, pra mim eles não existem.
Saí na rua fazendo com que o mundo não me visse, era o dia de ser livre. Encontrei-me com algumas pessoas e arrumei minha vida. Ajeitei a bagunça.
Por que as pessoas não pensam iguais a mim?
A vida é muito complexa para problemas insignificantes, deixemos, por fim, a problemática de lado, pelo menos as que são sem sentido, as que não tem necessidade.
Eu estava bem comigo mesmo, me vangloriando por ser melhor do que eu podia e não só perdoar a outros, como perdoar a mim mesmo. Eu consegui me vencer, encontrar um eu de paz.
Como eu disse: As pessoas não pensam iguais a mim e é por isso que quando você agrada a um, você desagrada outro. Eu não tenho inimigo, não quero ter, e por isso ninguém vai ser o vilão para mim. Só para mim.
Se alguém me perguntar quem está errado eu não sei responder. E quem, afinal de contas, é o vilão?
Por não ter ficado preso, por ter criado minha própria liberdade, por não ter seguido a vida como "deveria", eu sou o vilão.
Eu construí essa destruição e vou ser o único que vai pagar por ela.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Pede pro doutor examinar

Por que minha cabeça é um tumulo?
Por que isso se foi tão rápido?
Desculpas a mim mesmo
Confusões em minha mente
Esvazia meus olhos cheio d'água


Pensamentos no pior
Nunca fui bom
ou sempre fui enganado
chega das perguntas
não consigo seguir meus planos
e as poesias sofrem também.


O que falo nem sentido faz
mas tem uma direção,
qual a direção desse sentido?
Qual o sentido dessa direção?


Desculpe meu amor, não consigo
Escrevo coisas sem sentido
Tento achar a direção
Não consigo mais mostrar meu amor
Não consigo mais mostrar minha dor


Consegui mostrar minha angustia?

domingo, 7 de outubro de 2012

Gran Esperanza

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No interior de cada amor há um pouco de amizade. No interior da paisagem sempre há a beleza.
E ela me diz:
“Seja forte como a água e paciente como o tempo”
E continuamos olhando para o infinito, enquanto conversávamos.
“No interior de cada homem há desgosto, há revolta, há vingança. No meu interior eu só consigo encontrar isso”
“Não é verdade. Você é muito mais que isso, só não consigo provar”
“Se não consegue provar, pelo menos não me prove o contrário”
O vento era forte, anunciava apenas o alto mar, mas lá, adiante, cruzando o oceano, se encontrava a terra firme.
“A sensação que dá quando me deparo com uma paisagem dessas é diferente, é um sensação de paz, alívio. De que existe muito mais que eu no meu mundo, e, para mim, isso é bom”
“É”
“Não estou mais aqui para assegurar sua felicidade, algo muito difícil por sinal, estou aqui para interpretar seus sonhos e fazer parte deles”
“É impossível”
“É”
“Do que você lembra vendo essa paisagem? sentindo essa paisagem?”
“Muitas coisas, que foram épocas boas, e que também foram épocas horríveis, mas principalmente do que foram, separadamente, para mim e para você. E você?”
“Não sei”
“Sonhei com você. Sonhei com ela. Sonhei que era esmagado pela minha própria autoestima. Horrível, me senti derrotado, me senti mal”
“Ela?”
“Sim... Seria possível me apaixonar novamente?”
“Sempre é”
“Não estou confiante. Não por mim. Acredito em mim. Confio em mim. Não quero me machucar novamente. Será que é possível? Será que não é muito prematuro?”
“Temos que arriscar”
“Não é assim tão simples”
“Nunca é”
O dia estava terminando de amanhecer. Paramos de conversar e ficamos em silêncio por um bom tempo.
“Essa paisagem, todas essas paisagens, me fazem lembrar o passado. Que vergonha! Arrependo-me de tanta coisa!”
“Eu não”
E ficamos ali por um bom tempo, sem cansar de observar o mar.
Sempre há uma história para cada paisagem.
E eu continuarei com a minha.
 
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