
No interior de cada amor há um pouco de amizade. No interior da paisagem sempre há a beleza.
E ela me diz:
“Seja forte como a água e paciente como o tempo”
E continuamos olhando para o infinito, enquanto conversávamos.
“No interior de cada homem há desgosto, há revolta, há vingança. No meu interior eu só consigo encontrar isso”
“Não é verdade. Você é muito mais que isso, só não consigo provar”
“Se não consegue provar, pelo menos não me prove o contrário”
O vento era forte, anunciava apenas o alto mar, mas lá, adiante, cruzando o oceano, se encontrava a terra firme.
“A sensação que dá quando me deparo com uma paisagem dessas é diferente, é um sensação de paz, alívio. De que existe muito mais que eu no meu mundo, e, para mim, isso é bom”
“É”
“Não estou mais aqui para assegurar sua felicidade, algo muito difícil por sinal, estou aqui para interpretar seus sonhos e fazer parte deles”
“É impossível”
“É”
“Do que você lembra vendo essa paisagem? sentindo essa paisagem?”
“Muitas coisas, que foram épocas boas, e que também foram épocas horríveis, mas principalmente do que foram, separadamente, para mim e para você. E você?”
“Não sei”
“Sonhei com você. Sonhei com ela. Sonhei que era esmagado pela minha própria autoestima. Horrível, me senti derrotado, me senti mal”
“Ela?”
“Sim... Seria possível me apaixonar novamente?”
“Sempre é”
“Não estou confiante. Não por mim. Acredito em mim. Confio em mim. Não quero me machucar novamente. Será que é possível? Será que não é muito prematuro?”
“Temos que arriscar”
“Não é assim tão simples”
“Nunca é”
O dia estava terminando de amanhecer. Paramos de conversar e ficamos em silêncio por um bom tempo.
“Essa paisagem, todas essas paisagens, me fazem lembrar o passado. Que vergonha! Arrependo-me de tanta coisa!”
“Eu não”
E ficamos ali por um bom tempo, sem cansar de observar o mar.
Sempre há uma história para cada paisagem.
E eu continuarei com a minha.