segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Feliz Natal

Todo homem bom sofre. Todo bom homem arca com as consequências.

Encontro-me em casa, de dia, os olhos estão frenéticos, correndo junto com os pés. Meu telefone toca, ela me diz coisas como querer passar o natal comigo, ficar ao meu lado.
“Feliz Natal”, ela diz.
Não falo nada, estou parado no meio da sala, com o telefone nas mãos, quieto. Alguém grita me dizendo para fazer algo, acho que é algo como arrumar o quarto, ou a mesa, não me lembro bem.
Eu não estou ocupado, mas ela desliga o telefone, não dei nenhuma resposta. Eu ando até o meu quarto e me jogo na minha cama.
Lá se vai uma tarde conspirada. Muitos vão embora, restam poucos, os que sobraram são a sobra, e eu estou com eles.
O telefone toca novamente, meu amigo me diz algumas coisas, fala sobre o natal, a família, a garota que é vizinha de seu tio. Tento aconselha-lo, mas não sei nada sobre o assunto, mesmo tendo passado por diversas situações parecidas, não sei nada sobre isso. Não estou mais triste, mas a conversa acaba.
“Feliz Natal”, ele me diz.
Aos poucos as coisas vão se formando, a mesa está arrumada. Lembro-me como se estivesse em um dia normal. É um dia normal.
Volto ao passado por alguns segundos, desejando serem minutos, talvez horas. Eu, com todos juntos, brindando, conversando, os presentes, a comida, a alegria de uma criança. Por que era tão mágico? Não apenas o natal, mas todo o resto.
“Feliz Natal”, alguém passava no corredor.
O segredo é esperar até meia noite. Não sei porque, mas as pessoas insistem em desejar feliz natal na véspera. O ritual de quando se é criança, não vejo isso no meu irmão, talvez esteja escondido, como estava comigo. Talvez o natal nunca foi desse jeito, talvez fosse apenas a “magia” de ser criança.
Então já é natal, não sinto nada. O que deveria acontecer? É um fato que se passou um ano do que aconteceu ano passado. A mesma coisa na verdade, mas esse é o único fato.
Nunca pensei que diria essas coisas que agora falo com tanta tristeza, mas, infelizmente, não vejo graça no natal, não nesse tipo de natal.
Eu lembro que eu ficava emocionado só de pensar que essa época estava chegando perto. Que maravilha era o natal.
Talvez tudo tenha mudado, mas acredito cada vez mais que sempre foi assim.
Vou para a janela, assisto fogos de artifício. Fogo de artifício no natal, uma coisa que só deve existir no Brasil, eu acho. Sinto alguém próximo de mim, e com a maior tristeza do mundo eu digo:
“Feliz Natal”.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Angústia

Ela se deitou no meu peito enquanto observávamos o lado de fora da janela do carro. A chuva caía e a noite era escura somente com alguns postes acesos.
Beijei seu pescoço por diversas vezes e fazia carinho com um leve toque de mão.
"Você me desculpa?"
"Pelo o que?"
"Eu não gostava de você, mas agora me arrependo tanto. Quero ficar com você."
"Não dá! Não lembra que eu estou apaixonada por ele?!"
"Por favor, me desculpe, eu não sabia que ia me apaixonar por você."
"Você teve sua chance."


terça-feira, 23 de outubro de 2012

R.E.M.

Um casal de idosos, sentados no ônibus, conversando.
"Você vai ficar comigo pra sempre?"
"Sim, para sempre!"
"Nós não vamos viver muito mais, mas eu quero ir embora junto com você"
Eles se abraçam.
“Eu te amo”
Tudo fica branco.
Estou na sala de aula, ensino médio. Em minha volta muita gente, mas do meu lado meu amigo e Ela, como era costume. Um professor de matemática mandando a gente desenhar expressões em figuras que pareciam ser rostos num papel. Eu estava brincando, fazendo bagunça, meu amigo e Ela já tinham acabado o dever. Eu, por mais que me esforçasse não conseguia me concentrar e continuava a fazer bagunça. O professor gostava de mim, mas ficou muito irritado com a minha bagunça. Eu também gostava dele, mas fiquei irritado que ele não estava sendo paciente.
Tudo fica branco.
Estou com pessoas da minha antiga escola observando algo que não me recordo bem, parece um passeio. Meus amigos estão atrás de mim. Coloco minha mão sobre uma mão atrás de mim pensando ser um amigo e faço uma brincadeira. Olho para trás. É uma garota da minha escola, não era da minha sala.
"Desculpa, pensei que fosse outra pessoa"
"Tudo bem"
Olho para o lado e vejo um conhecido da mesma sala dela, os dois são amigos. Brinco com esse garoto sobre ser uma criança e ele ser meu pai. Os dois acham graça, nesse momento pareço muito baixo.
Branco.
Estou me arrumando num banheiro que me lembrava o do quarto do meu irmão. Estou ajeitando o cabelo com um pente. Um outro amigo entra no banheiro.
"Preciso usar o banheiro"
"Estou me arrumando"
"Então não olhe!"
Ele entra no banheiro e eu saio imediatamente. Vou para a sala, lembra a antiga casa da minha avó. Lá na sala os dois conhecidos da minha escola viraram dois antigos amigos meus. Eles estão deitados no chão junto com o meu primeiro amigo que está sentado em frente a uma TV ligada. Nada passa na TV, a sala está escura só com a luz da TV iluminando. Falam sobre uma história sobre o caso de uma garota que ficou com um garoto e eles eram amigos, e, nesse mesmo momento, Ela entra na sala. Meu amigo continua a conversa.
"Isso é como aconteceu com uma conhecida"
Ele cita o nome de uma pessoa que está na sala, deitada no chão, como se ela não estivesse lá. 

Ela olha imediatamente para mim e eu para Ela, não consigo fingir e esboço um sorriso sem graça. Ela começa a chorar e sai da sala.
Olho para meu amigo e ele se desculpa com a cabeça. Eu saio atrás Dela. Tudo Fica Branco.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Eleuterofobia

"Quem é o vilão?"
Todo dia acordava com um pensamento nada peculiar, o mesmo rondava a minha cabeça pelo dia inteiro. O destino me pós em mãos dois caminhos, por vezes foram mais que dois, e sempre tive que escolher. Normal.
Até aonde você iria por uma pessoa? Que escolhas faria por ela? Para chegar aonde cheguei precisei viver por mim mesmo, me libertar da necessidade de alguém.
Um dia, porém, acordei sem pensar em nada. Andei pela casa sentindo a vida, inspirando cada centímetro de bagunça, de poeira. Estava tudo sujo. Eu estava sujo. Olhei pela janela e vi o que nunca tinha visto: Uma vista maravilhosa, por entre concretos cinzentos, havia uma vista maravilhosa. E nada mais era vulgar.
"Hoje me livrarei dessa corrente!" Pensei.
Queria resolver problemas antigos, e fui sem peso na consciência. Não tem como agradar a todos e, normalmente, quando agrada a um, fere a outro. Nunca tive inimigos e nunca gostei de ter, pra mim eles não existem.
Saí na rua fazendo com que o mundo não me visse, era o dia de ser livre. Encontrei-me com algumas pessoas e arrumei minha vida. Ajeitei a bagunça.
Por que as pessoas não pensam iguais a mim?
A vida é muito complexa para problemas insignificantes, deixemos, por fim, a problemática de lado, pelo menos as que são sem sentido, as que não tem necessidade.
Eu estava bem comigo mesmo, me vangloriando por ser melhor do que eu podia e não só perdoar a outros, como perdoar a mim mesmo. Eu consegui me vencer, encontrar um eu de paz.
Como eu disse: As pessoas não pensam iguais a mim e é por isso que quando você agrada a um, você desagrada outro. Eu não tenho inimigo, não quero ter, e por isso ninguém vai ser o vilão para mim. Só para mim.
Se alguém me perguntar quem está errado eu não sei responder. E quem, afinal de contas, é o vilão?
Por não ter ficado preso, por ter criado minha própria liberdade, por não ter seguido a vida como "deveria", eu sou o vilão.
Eu construí essa destruição e vou ser o único que vai pagar por ela.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Pede pro doutor examinar

Por que minha cabeça é um tumulo?
Por que isso se foi tão rápido?
Desculpas a mim mesmo
Confusões em minha mente
Esvazia meus olhos cheio d'água


Pensamentos no pior
Nunca fui bom
ou sempre fui enganado
chega das perguntas
não consigo seguir meus planos
e as poesias sofrem também.


O que falo nem sentido faz
mas tem uma direção,
qual a direção desse sentido?
Qual o sentido dessa direção?


Desculpe meu amor, não consigo
Escrevo coisas sem sentido
Tento achar a direção
Não consigo mais mostrar meu amor
Não consigo mais mostrar minha dor


Consegui mostrar minha angustia?

domingo, 7 de outubro de 2012

Gran Esperanza

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No interior de cada amor há um pouco de amizade. No interior da paisagem sempre há a beleza.
E ela me diz:
“Seja forte como a água e paciente como o tempo”
E continuamos olhando para o infinito, enquanto conversávamos.
“No interior de cada homem há desgosto, há revolta, há vingança. No meu interior eu só consigo encontrar isso”
“Não é verdade. Você é muito mais que isso, só não consigo provar”
“Se não consegue provar, pelo menos não me prove o contrário”
O vento era forte, anunciava apenas o alto mar, mas lá, adiante, cruzando o oceano, se encontrava a terra firme.
“A sensação que dá quando me deparo com uma paisagem dessas é diferente, é um sensação de paz, alívio. De que existe muito mais que eu no meu mundo, e, para mim, isso é bom”
“É”
“Não estou mais aqui para assegurar sua felicidade, algo muito difícil por sinal, estou aqui para interpretar seus sonhos e fazer parte deles”
“É impossível”
“É”
“Do que você lembra vendo essa paisagem? sentindo essa paisagem?”
“Muitas coisas, que foram épocas boas, e que também foram épocas horríveis, mas principalmente do que foram, separadamente, para mim e para você. E você?”
“Não sei”
“Sonhei com você. Sonhei com ela. Sonhei que era esmagado pela minha própria autoestima. Horrível, me senti derrotado, me senti mal”
“Ela?”
“Sim... Seria possível me apaixonar novamente?”
“Sempre é”
“Não estou confiante. Não por mim. Acredito em mim. Confio em mim. Não quero me machucar novamente. Será que é possível? Será que não é muito prematuro?”
“Temos que arriscar”
“Não é assim tão simples”
“Nunca é”
O dia estava terminando de amanhecer. Paramos de conversar e ficamos em silêncio por um bom tempo.
“Essa paisagem, todas essas paisagens, me fazem lembrar o passado. Que vergonha! Arrependo-me de tanta coisa!”
“Eu não”
E ficamos ali por um bom tempo, sem cansar de observar o mar.
Sempre há uma história para cada paisagem.
E eu continuarei com a minha.

domingo, 30 de setembro de 2012

Para lembrar o que sou

Estou arrastando, devagar, as correntes. Não vou deixar que um dia, tudo o que tenha falado de mim seja verdade. Talvez seja.
Mas, e você? Quem é você? Uma pessoa que tortura a outra por pensamentos? Uma pessoa que se diz superior, mas não há um pingo de humildade em seu interior. Diz-se o máximo, e diz não fazer isso e aquilo porque sua religião não permite. Religião?
Você quer me falar de religião quando acha que pode vencer seus “amigos”? Você é correto, é o que dizem sobre você, é o que você mesmo diz, mas há muitos corretos como você, há muitas pessoas assim, e já conheci muitas delas.
Ninguém pode vencer os amigos. O que você fala de mim, pode até me deixar nervoso, estressado, mas, no fundo, não me atinge.
Você não é melhor que eu, ninguém é. Cada um com sua perfeição, pois cada um é perfeito de um jeito.
Você não é certinho. Nunca foi. Traiu mais de um amigo seu, que eu saiba, traiu todos que confiavam em você, mas ninguém sabe, ninguém acredita, pois você é certinho. Você não me engana, nunca me enganou. Você não é certinho pois julga os outros como seres inferiores, sabe quem é inferior?
Inferior é aquele que é um ser falso, que as conquistas e as glórias são ser melhor que alguém. Você é inferior.
Eu faço minhas conquistas e minhas glórias sem passar por cima de ninguém. Você diz que conquistaria o que eu conquistei se quisesse, mas não conquistou.
Se existe um tipo de escória no mundo, são pessoas como você. Pessoas insensatas, hipócritas, mas só o fato de não serem humildes já tira todo e qualquer brilhantismo delas.
Eu me julgo capaz de transformar meus próprios caminhos, minha própria vida, e só eu poderei me julgar.
E você, e todos parecidos com você, os “certinhos”, um dia vão perceber que a falsidade de vocês só leva a desconfiança das pessoas.
Eu estou arrastando devagar as correntes e, um dia, você vai saber que tudo o que falou de mim não era verdade. E não é.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Por Inteiro e pela história




Por quê? Por que se o tempo passa isso se chama nostalgia? O nome já passa um sentimento de doença... “Estou com nostalgia", então vá se tratar. Não vejo doença, vejo que posso ir e voltar, e mudar, mudar muito. Vejo que posso rir e falar: "essa foi boa", foi ótima! A impressão que um futuro vai chegar passa completamente despercebida pelos olhos ‘nostálgicos’ do tempo impresso. E se o tempo chega, da até vontade de dizer que foi ‘coincidência’, mas e se tiver sido destino? Por que teria sido destino?
O clima. O ar. Sinto-me dentro do ambiente novamente, sinto o peso da roupa pelo meu corpo, sinto vontade de ir, ir embora, arrumar a bagunça e falar: "já fiz tudo, viu?". O sentimento é de... Bom, receio que seja de algo próximo a paixão, paixão pela vida, paixão pelo que viveu e, também, uma enorme vontade de gritar para todos: "Eu vivi esse momento!", e acredite, eu vivi, e por isso gosto de voltar atrás e relembrar, não sou um museu, múmia, ou qualquer outra analogia as lembranças passadas, sou um apaixonado, apaixonado pela vida, apaixonado pelos momentos. Os momentos sim, eles que trazem alegria, mas trazem angustia. Angustia por quê? Angustia de quem viveu e sentiu necessidade de viver mais, viver mais aquele momento, um momento que está preso no passado, acabei, por fim dessa conclusão, descobrindo o real significado de nostalgia.
Mas não quero lembrar com nostalgia, ou melhor, não quero a nostalgia, uma doença, uma palavra ruim, feia. Que tal paixão? E se for amor? Prefere assim? Se for muito difícil tragar essas palavras, use apenas felicidade.
 
E se for ver com esses olhos, ser feliz é nada mais nada menos que descomplicar. Nada de complexidades. É difícil, e, sejamos realistas, o mundo não é assim, mas tente ser absolutamente imparcial, descomplicado.
Mas o que me deixa muito chateado é não poder prever o futuro, para comentar com um amigo: "Ei, adivinha o que vai acontecer", mas essa é a graça, no futuro iremos rir, sim, rir, de tudo. Ficaremos sempre magoados, sempre, mas podemos sempre rir, sempre.
Uma imagem que não apenas diz algumas palavras, mas conta uma história de uma vida toda, vivida até o momento e enquanto estiver vivendo.
Não acredito em nostalgia, acredito em paixão, a paixão que expresso um simples sorriso, a paixão que me lembra daquilo que eu sou, eu sou o que está aí e isso não pode ser tirado de mim, eu sou o que aconteceu, eu sou o agora e, por mais que seja diferente, serei o futuro.
E sempre carregarei essa paixão.


Thadeu Saieg
 

sábado, 22 de setembro de 2012

Monólogo da Separação

[Música calma começa a tocar]
[Entrada na cena] [Música para] [Entra olhando para cima]
Há uma coisa, uma pequena coisa, que não contei para vocês. [Olha para a plateia]
Obrigado pelos aplausos mais uma vez, muito obrigado mesmo. [Fala meio disperso]
Sim, voltando, há uma coisa que não falei para vocês: A vida muda, e a minha sempre mudou e de várias formas diferentes. Na maioria das vezes foi ruim. [Olha para baixo e solta um suspiro de cansaço]
Eu não sou bom em lidar com as mudanças e elas ocorrem o tempo todo e, ás vezes, sem você perceber.
Não é que tudo na minha vida dê errado, não estou falando isso. [Esfrega os olhos] É só que eu levo muito á sério coisas ruins.
[Senta-se numa cadeira]
Com licença, mas estou muito cansado, cansado demais para conseguir por os pensamentos em ordem, mas vou tentar.
[Encurva-se para a plateia]
Ultimamente tenho feito tanta coisa num só dia. Retomei minhas aulas de teatro, sou um dos melhores alunos da turma. Tenho qualidades, muito boas por sinal, tenho defeitos, quem não os tem? [Esboça um sorriso de canto] Aprendi muita coisa nesse meio tempo e nunca vou parar de aprender, teorias e práticas, profissional e pessoal. Sou uma nova pessoa, diferente, e sempre vou ser diferente!
[Recosta-se novamente na cadeira e olha para um ponto fixo com olhar vago no meio da plateia]
Eu tenho amigos, bons amigos e os faço em todo lugar, o engraçado é que escolho as pessoas certas, divergências acontecem, mas são as pessoas certas porque fazem parte do meu caminho, imagina se não fossem? Terrível!
[Abriu um sorriso em tom de alegria]
Escrevo minhas próprias peças e todos gostam delas, algumas pessoas não concordam, mas a maioria gosta, mesmo que seja para me agradar! Que mal tem isso? Eu gosto, me sinto bem.
Sou uma pessoa boa, não desejo o mal nem da pior pessoa do mundo, nem daqueles que me fizeram sofrer.
[O sorriso se desfaz]
Nem da pessoa que me fez sofrer. [Uma rápida pausa] Sabe, de todas as mudanças que já passei nunca achei que sofreria tanto, ou melhor, não podia saber que um dia sofreria tanto.
[Outra rápida pausa]
Como se pode desejar o mal da pessoa que amou? Nem que fosse a pior pessoa do mundo, e talvez seja.
O sofrimento faz parte, as mudanças fazem parte.
Não sou triste, sou uma pessoa feliz, com altos e baixos, sou feliz. [Abre novamente um sorriso] Vocês tem que ver como as coisas estão dando certo, para mim e para as pessoas em minha volta, que felicidade!
[Vagamente vai fechando o sorriso] [Olha novamente para um ponto fixo com olhar vago]
Mas é que quando tento lembrar do passado, mesmo de uma forma boa, com felicidade do que já foi bom, eu não consigo, eu consigo entender como, não consigo entender por que.
O sofrimento me ensinou a ser mais feliz, mas não me ensinou a esquecer.
[Fecham-se as cortinas]

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Ás vezes faltam palavras

"Oi, quanto tempo..."
"Oi... é verdade...
Sabe, tem muitas coisas que gostaria de dizer agora, coisas que me fazem pensar e me fazem triste, mas ao mesmo tempo feliz que estou falando, finalmente irei dizer o que sinto, num lugar tão inusitado. Me perdoe se você não quiser ouvir, me perdoe se agora não é a hora devida e que talvez eu devesse falar em uma outra oportunidade, mas talvez seja a última vez que irei te ver, talvez não tenha uma segunda chance e eu, como você bem já sabe, já desperdicei muitas chances até agora. Não posso mais, vou falar, tem que ser agora.
Me desculpe, me desculpe por tudo, desde que eu abandonei o que era pra você uma amizade até o dia em que desisti dela, nunca fui bom de correr atrás do que eu perdi, sempre abaixo a cabeça, e a culpa foi minha? Sim, talvez estivesse errado, e eu estava, estava cego, meio difícil explicar, e você tinha razão, todos tinham razão, ela me machucou, fui imaturo de acreditar em uma pessoa e ver mentiras em outra. Estava magoado, não sei porque, me sentia inferior, e eu achava isso ruim, o problema é que eu ainda me sinto assim, e continua sendo ruim e estou muito mais magoado.
Desculpe, mas eu sinto falta das conversas profundas e engraçadas, com uma pitada de humor, sinto falta dos passeios, sinto sua falta. Meio clichê, e é muito, mas é verdade. Percebi, depois de muito tempo que não se desiste dos amigos, aprendi isso com pessoas que, antigamente, eu achava que nunca seriam tão amigas quanto são hoje, e eles são. E você também foi, nunca tive problema com você, talvez fosse ciúmes dela, talvez fosse maluquice minha, mas gostava de ter você do meu lado, e acho que ela via perigo nisso. Normal, eu acho, mas passa do normal quando inventa coisas para fazer você parecer culpada de uma coisa que, agora eu percebo, você não tem culpa.
Eu seu que falei muitas coisas, eu sei que parecia ser falso, mas é que eu estava chateado, faltava uma parte para completar e eu não achava. Quando te vi agora, pensei que não ia falar comigo, por ressentimento ou algo assim, mas vejo que pra você isso já passou, bom, pelo menos eu espero que sim. Só quero que você me perdoe por tudo, e eu realmente quero voltar aos velhos tempos, mas acho que essa parte é sonho, mas é bom sonhar, bom pensar que um dia iremos voltar a se falar como antes.
Antigamente você era uma grande companheira, mas sempre tenho que aceitar as mudanças, perder o passado, os contatos, não quero mais, não quero perder mais nada, e se for pra exigir algo, eu exijo somente lealdade, uma lealdade que se tornou prova para que eu visse o quão fieis são os meus amigos, e eles são, e eu me orgulho em dizer que eles são e disso não me arrependo.
Mas, enfim, me desculpe, não quero estragar sua noite, não estamos aqui para conversar essas coisas, só fiquei com esperança. 
Fiquei com a esperança de dizer isso tudo, mas só pude esboçar um sorriso de culpa, como se tivesse cometido um crime, como se tivesse em divida, e estou.
Mas o que me deixa mais triste é saber que eu desperdicei essa chance mais uma vez, e que talvez nunca mais voltemos a nos falar novamente e que você nunca leia isso, e o que vai me manter feliz é o restante da esperança que fará imaginar nossas futuras conversas.
Eu queria dizer isso tudo para você, mas é que ás vezes me faltam palavras, muitas palavras."

domingo, 12 de agosto de 2012

Fluxo da vida

O ar passa pelo meu pulmão, sinto o pulso.
O que aconteceu com o mundo? É normal. Mudou, mudou para melhor, o melhor normal. Não mudou. Nunca mudou, sou o mesmo. Eu mudei, lembro-me das cores, dos cheiros, lembro do arrepio. O arrepio é de frio. Calafrio que faz lembrar de momentos que não voltaram. Siga em frente, não erre, não posso errar. Entro na cabeça de outra pessoa. Sou outra pessoa. Não vejo sentido nisso, mas são dois. Duas mãos, se encostam, vejo o que me fazia sorrir, vejo o que me faz sofrer. Detesto esse sentimento vazio de que tudo foi embora tão facilmente, com a mesma facilidade e leveza de um beijo registrado no teor disso tudo. Mudei para me refazer, para me piorar, e a loucura toma conta de mim. Não é mais raiva por amor que foi desperdiçado, não é mais raiva por amor que nunca fui amado. É raiva, simples e pura, como quem não quer perder, como quem não joga para não perder e não procura ganhar. Não quero ganhar, quero viver. Simplicidade pra mim não se mistura com o jogo, mas se mistura. Para ser livre, você tem que ganhar, tem que ser melhor, melhor do que eu nunca fui. E eu nunca fui amado. Burrice. Minhas palavras não perdoam. Não se lembram. Mas, ninguém nunca se lembra, ninguém liga para o passado. Ninguém liga para história. E a nossa história? Não interessa. O passado me mostra coisas que eu não queria ver, eu ainda não quero ver. Perco o presente. Perco no passado. Não sou mais o eu que costumava ser. O ser que costumava no eu. Ele ainda sofre. Ainda quero entender, por quê? Se acreditaram em mim. Faltava-me o ar. Era por você. Jamais será. Não sinto confiança. Cansei de ser especial para outros, serei especial para mim. Esse que acreditaram, esse que ouviram. Eu não desejo. Simples desejo do corpo. Não pude me encontrar em você. Engano. Eu calo, não percebo, escrevo, mas não leio. Eu puxo e ele volta. Eu destruo e ela está morta.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Tudo Fica Bem Quando Acaba Bem

Mentira, o passado nos move em uma lembrança sem graça de como é a vida.
Tinha sonhos e nele me via como coadjuvante, sendo que, na realidade, era o ator principal. Nos meus sonhos, largava amores por amores.
"Nunca foi uma relação normal". Pensar nas possibilidades de se construir uma família. Minha irmã iria entender. Meu amigo iria entender.
Deixei sem querer pessoas magoadas e a culpa não foi minha. Acreditaram no meu amor, até perceberem que o perfeito também tem falhas.
"Eu não amava". Vivo pensando em outras possibilidades, outras pessoas, mas, ás vezes, não confio nem em mim.
Invento coisas, mas não sei como funcionam, não sei criar. Imagino lembranças. Nada fica bem se acaba bem, porque as lembranças ficam até o fim.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Vívido Orgulho

O poder da existência de quem vive
é o poder que recria a existência
a vida é um poder absoluto
e a existência é um dos seus motivos

Me mantenho tarde em pé,
olhando os bêbados passarem,
a multidão se recuperar
é a ressaca que vai chegar.

Perco a fé, perco amigos,
restauro a vida, a existência
que, por si só, faz a alegria
sentimento de grupo que faz viver

Mesmo que perca tudo
mesmo que me faça mudo
que fique cego
que perca a fé
não vou perder a Fé

Passo de bêbado,
o que já não é,
passa o pássaro
ele está em pé,
visão da janela,
ele está caído.
Sorrindo,
estridente orgulho da noite.

Orgulho único,
transparente,
orgulho de ter se emocionado.

Orgulho pobre,
indecente,
orgulho de ter sonhado.

Orgulho mutuo,
diligente,
orgulho de ter amado.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Existência na vida

Desfacela,
Tira-lhe a face,
grita-lhe o corpo,
arde a vontade.

Regenera,
Cria coragem,
Viva um pouco,
mate a saudade.

Desfacela,
faça tiragens,
ele vem do topo,
torture a verdade.

Impeça,
qualquer arbitragem,
mais do que um pouco,
cancele a viagem.
 
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